Apresentação

Gerar, disseminar e debater informações sobre CONTAMINANTES ALIMENTARES, sob enfoque de Saúde Pública, é o objetivo principal deste Blog produzido no Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde - LabConsS da FF/UFRJ, com participação de alunos da disciplina “Química Bromatológica” e com apoio e monitoramento técnico dos bolsistas e egressos do Grupo PET-Programa de Educação Tutorial da SESu/MEC.

Recomenda-se que as postagens sejam lidas junto com os comentários a elas anexados, pois algumas são produzidas por estudantes em circunstâncias de treinamento e capacitação para atuação em Assuntos Regulatórios, enquanto outras envolvem poderosas influências de marketing, com alegações raramente comprovadas pela Ciencia. Esses equívocos, imprecisões e desvios ficam evidenciados nos comentários em anexo.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Agrotóxicos não afetam a qualidade dos alimentos

Engenheiro diz que agrotóxicos não afetam a qualidade dos alimentos



O engenheiro agrônomo Guilherme Luiz Guimarães explica que todo agrotóxico que está no mercado passa por rigorosa fiscalização do Ministério da Agricultura, do Ibama e, principalmente, da Anvisa.


Fonte: Bem Estar - 11-01-2012
Disponível em: http://g1.globo.com/videos/bem-estar/v/agrotoxicos-nao-afetam-a-qualidade-dos-alimentos-diz-engenheiro/1740392/

5 comentários:

Juliana Moreira Soares disse...

A preocupação com a presença de agrotóxicos nos alimentos é bastante antiga. Os agrotóxicos são utilizados nas lavouras para controle de pragas e doenças que afetam a produção agrícola. Um dos maiores problemas que se tem na agricultura é que muitas vezes os produtores agrícolas não esperam o prazo de carência para poderem colher seus produtos contendo aplicação de agrotóxicos além do fato de que, uma vez dando certo o uso destes pesticidas, outros agricultores passam também a usar e muitos ainda recomendam os donos de terras vizinhas a também fazer uso.
O avanço do conhecimento científico e as novas técnicas de laboratório vêm permitindo a avaliação da qualidade dos alimentos que chegam à mesa da população. Para o consumidor isto é importante, afinal distinguir o alimento com nível de agrotóxicos irregular na prateleira do supermercado é praticamente impossível. O monitoramento de resíduos de agrotóxicos em alimentos no Brasil foi marcado por uma série de esforços isolados em várias esferas: órgãos estaduais de saúde, agricultura e instituições de pesquisas.
O registro de produtos agrotóxicos no Brasil envolve dois ministérios: o Ministério da Agricultura e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que conferem o registro e avaliação sobre segurança, respectivamente. Para tentar minimizar o uso indiscriminado, a Anvisa criou o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA). Desde então, ela vem monitorando, pelo menos, nove culturas presentes na mesa dos consumidores brasileiros. Os resultados muitas vezes não trazem notícias animadoras aos consumidores, uma vez que se verifica que alguns alimentos provenientes do campo possuem níveis de agrotóxicos acima dos permitidos em legislação. Entretanto, é este programa que vêm fazendo com que as autoridades, produtores rurais e sociedade civil discutam regras mais claras e vejam como o uso inadequado de agrotóxicos pode trazer problemas à saúde não só de quem aplica e manipula como também de quem consome.
Ainda hoje existem poucos dados disponíveis sobre a exposição aos agrotóxicos e possíveis danos a saúde humana. Mas, é importante avaliar que o risco dessas irregularidades para a saúde humana pode não ser imediato e sim cumulativo, se tornando necessárias medidas dentro do Programa de Análise de Resíduos Agrotóxicos em Alimentos para coletar dados mais precisos sobre o consumo desses alimentos contaminados para avaliar os reais riscos à saúde do consumidor.

Mayra de Amorim Marques Farmácia 9 período disse...

Cada vez mais estamos expostos a combinações de produtos químicos em nossa alimentação e os próprios agricultores utilizam na produção simultaneamente diversos insumos químicos. A contaminação dos alimentos e da água segue de maneira alarmante. Nem sempre os resíduos conseguem ser eliminados dos alimentos com cozimento ou lavagem. Estima-se que, com a fervura, só são eliminados entre 35% a 65% dos resíduos organofosforados e de 20% a 25% dos organoclorados. Além disso, alguns testes podem não cobrir nem a metade dos agrotóxicos que realmente se aplicam. Nos EUA, por exemplo, dos 25 pesticidas mais frequentemente detectados, 9 tem sido identificados pela Environmental Protection Agency (EPA) como cancerígenos. Segundo uma pesquisa, 20.000 norte-americanos podem morrer de câncer provocado por pequenas quantidades de pesticidas nos alimentos. É possível concluir que os resíduos de agrotóxico podem persistir na cadeia alimentar, sendo encontrados desde à gordura, sangue e até leite materno. Como é possível então que se diga à população que não há com o que se preocupar se estão sendo expostas a um risco contínuo? A mim me parece uma piada.

Elizabeth Silva disse...

Chega a ser surreal ouvir de um engenheiro agrónomo que os agrotóxicos não afetam a qualidade dos alimentos. Sendo que a Anvisa, numa de suas últimas atualizações (2019) em publicação realizada na página da Agência Nacional de água e saneamento básico (ANA) revelou que há três anos, o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking de consumo de agrotóxicos no mundo. E sabemos que os agrotóxicos causam uma grande insegurança alimentar na população, além de danos à saúde e ao meio ambiente.
Atualmente, há uma grande adesão a campanha contra agrotóxicos, lançada em 2011. O que nos permite sentir uma certa esperança para que cada vez mais tenhamos um alcance maior e um melhor conhecimento de todos pela campanha. E uma das três bandeiras defendidas pela campanha, eu tenho para mim que a reversão da isenção de impostos destinados ao custeio dos gastos com agrotóxicos para o Sistema Único de Saúde (SUS) é uma das mais importantes, tendo em vista que gasta-se US$1,28 com tratamento de intoxicações agudas para cada US$1 gasto em agrotóxicos, então além de uma visão econômica temos que lembrar de nos preocupar com a saúde geral da população, principalmente a longo prazo (já que os efeitos do consumo não são vistos imediatamente).

Clarissa Motta disse...

A RDC Nº 295, DE 29 DE JULHO DE 2019, Dispõe sobre os critérios para avaliação do risco dietético decorrente da exposição humana a resíduos de agrotóxicos, no âmbito da Anvisa, e dá outras providências.No Art. 11. A caracterização do risco dietético agudo, resultante da exposição a resíduo(s) de agrotóxico(s), deve ser realizada comparando-se a exposição dietética aguda com a DRfA adotada pela Anvisa.
§ 1º O risco é considerado inaceitável quando a exposição dietética aguda for maior que a DRfA.
§ 2º Para as substâncias que não possuam DRfA estabelecida pela Anvisa, o risco será caracterizado utilizando-se a DRfA adotada no âmbito do Codex Alimentarius ou, na ausência desta, por outros organismos internacionalmente reconhecidos.
No Art. 12. A caracterização do risco dietético crônico, resultante da exposição a resíduo(s) de agrotóxico(s), deve ser realizada comparando-se a exposição dietética crônica com a IDA adotada pela Anvisa.
§ 1º O risco é considerado inaceitável quando a exposição dietética crônica for maior que a IDA.
§ 2º Para as substâncias que não possuam IDA estabelecida pela Anvisa, o risco será caracterizado utilizando-se a IDA adotada no âmbito do Codex Alimentarius ou, na ausência desta, por outros organismos internacionalmente reconhecidos.

Marcus Rodrigues disse...

Nenhum medicamento passa ileso de causar malefícios no corpo humano, quem dirá um agrotóxico. Hoje em dia, sobretudo nos momentos atuais do Governo Brasileiro (2020), o uso irracional de agrotóxicos vem sendo propagado com um tom de é saudável e só afeta a planta. Uma visão propagada por pessoas inexperientes que só visa o cuidado, não da saúde da população que consome esses alimentos, mas com a financeira dos grandes agricultores. Afirmar que agrotóxicos não causam malefícios para a saúde, nos dias de hoje, com todo o pool de informações que são fornecidas que chega a ser deleal. Por fim, deixo um estudo muito relevante que correlaciona o aumento dos de intolerância a glúten com o uso de glifosato nas plantações. Glyphosate, pathways to modern diseases II: Celiac sprue and gluten intolerance - doi: 10.2478/intox-2013-0026